domingo, 27 de maio de 2007

AIP à prova

AIP! Air Independent Propulsion ou Propulsão Independente do Ar, é uma sigla que quem se debruça sobre o tema «Submarinos» está a encontrar cada vez com mais frequência.
Dá-se esta designação aos submarinos que dispõem de capacidade para submergir e ficar encobertos pelas águas durante muito mais tempo que os submarinos convencionais que são propulsionados apenas por um motor a Diesel.

Na realidade, o AIP é um problema para as marinhas poderosas, de países que contam com o poder das suas esquadras de superfície para controlar o mar. Com submarinos difíceis de encontrar, um país que disponha de alguns destes equipamentos pode provocar problemas mesmo à mais poderosa das esquadras.

Receando o problema, e reconhecendo o excesso de confiança de muitos comandantes da marinha dos Estados Unidos, os norte americanos estabeleceram um contrato com a marinha da Suécia, para que esta disponibilizasse um dos seus submarinos da classe Gotland, equipado com AIP, para que a US Navy testasse tácticas e processos de defesa contra esse tipo de ameaça.

O governo da Suécia, um país que mesmo durante a guerra fria manteve-se neutral, acedeu em emprestar o navio e a tripulação, para que estes efectuassem ataques simulados a navios americanos da frota do Oceano Pacífico.

Os resultados dos testes não são naturalmente divulgados, nem as eventuais tácticas que os norte-americanos poderão desenvolver a partir do estudo dos «ataques» do submarino Sueco são ou serão conhecidas.
No entanto, sabe-se que a marinha dos Estados Unidos da América tinha inicialmente previsto que o submarino Sueco concluísse 120 dias de mar, em operações com a frota. Mas algo aconteceu, para justificar que o numero de dias previsto para os testes tenha atingido mais do dobro desse numero: 250dias.

Há várias explicações para o facto de o numero de dias ter aumentado, e entre essas explicações, está a de que de facto a marinha americana, pura e simplesmente não sabia como encontrar o pequeno submarino.

Preparada e treinada durante a guerra fria para dar caça aos gigantescos submarinos da União Soviética, a tripulação dos navios americanos parece ter sempre olhado com algum menosprezo para os pequenos submarinos com propulsão Diesel-electrica normalmente de origem europeia.

Durante os anos 80 até um pequeno submarino português do tipo Daphné logrou em testes disparar os seus torpedos contra um navio porta-aviões norte-americano antes de ser descoberto.

As autoridades militares norte-americanas têm normalmente desenvolvido programas de testes com submarinos de países «vizinhos» em termos marítimos, como o Peru e a Colômbia, e estão em negociações com o Chile para entrar no mesmo programa, mas nenhum destes países dispõe de submarinos com sistema AIP, pelo que não é possível em nenhum daqueles casos efectuar testes.

Mas há mais razões para dores de cabeça.

Na verdade, o sistema AIP utilizado pelos submarinos suecos, (conhecido como Stirling) embora não seja exactamente antigo, é considerado muito menos eficiente que sistemas mais recentes, porque implica a existência de um motor que queima óleo Diesel juntamente com oxigénio. Ocorre que presentemente existem outros sistemas considerados mais sofisticados e silenciosos, como o de células de combustível da alemã Siemens/Permasyn.

Trata-se de um sistema que não tem sequer peças móveis, e que produz electricidade através de uma reacção química do Oxigénio com o Hidrogénio. A reacção química dá-se a temperaturas relativamente baixas, pelo que a possibilidade de o submarino deixar algum rasto, seja acústico seja térmico, é ainda menor que no caso dos submarinos suecos.

O problema da US Navy, não são naturalmente os submarinos que os países seus aliados estão a desenvolver, mas sim a possibilidade de este tipo de tecnologia cair em mãos de países que a podem utilizar de forma efectiva contra os Estados Unidos da América.

Sabe-se que na Rússia se têm vindo a estudar sistemas de propulsão independente do ar desde há muitos anos. Sabe-se que os russos tentaram utilizando o perigoso Peróxido de Hidrogénio[1] como propelente de submarinos, mas os testes não parecem ter levado a nenhuma conclusão satisfatória, por razões ligadas à autonomia dos navios.
Sistemas idênticos aos de células de combustível estão presentemente a ser estudados pela Rússia para instalação na sua nova classe de submarinos de propulsão convencional


O Peróxido de Hidrogénio é utilizado por vários países desde a II Guerra Mundial como propelente de torpedos. É este produto químico instável que alegadamente está na origem da explosão e consequente afundamento do submarino nuclear russo Kursk.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Navios anti-aéreos - 3

http://www.defenseindustrydaily.com/images/SHIP_AWD_Gibbs+Cox_Design_Graphic_lg.jpg


Classe Hobart (3 projectados)

País : Austrália

Projecto de Gibs & Cox

Unidades :

Hobart
Brisbane
Sydney

D : 7.270t, 8.100 tpc
Dim : 148 x 18,2 x 5,9.
A : 1/127 Mk 45 – 2/30 AA (I x 2) – SSM : 8/Harpoon (IV x 2) – SAM : 2/sistemas VLS Mk 41 (64 células, mísseis SM-2 MR, ESSM) – CIWS : 2/PhalanxASW : 6 T/324 (II x 3) - 2 helicópteros.
EE : 1/sist. Aegis 7.1 – Radares : 1/SPY-1D (v) – 2/navegação – 3/DT (mísseis) – Sonar : 1/de casco – CM : 1/sist. NULKA.
M : CODAG.
V : 29
DT : 5.500/18
Guarnição : 230 h.
Observações : Projecto de Gibbs & Cox, derivado dos Arleigh Burke e equipados com o sistema Aegis. Os 2/VLS têm 32 células cada um e estão colocados um à vante e o outro à ré entre os 2 hangares.
O projecto da Gibs & Cox tem como concorrente directo um projecto espanhol da NAVANTIA, derivado da F-105, com algumas alterações para ir ao encontro das especificações australianas, nomeadamente o aumento da autonomia através de um aumento da capacidade de combustível de 100 t. O projecto espanhol é mais barato e neste momento (19-03-07), encontra-se na Australia um navio da classe Alvaro de Bazan, numa missão de propaganda. Um dos trunfos é precisamente o preço, pois o valor de 3 DDG derivados dos DDG 51 custam sensivelmente o mesmo que 4 DDG F-100. Julgo interessante consultarmos um quadro comparativo dos dois projectos.



F100/Evolved Burke class
Length 146.7m/148m
Beam 18.6m/21.3m
Displacement (tons) 6,250/8,100
Maximum speed Approx 29 kn/Approx 29 kn
Range (nm) 4,800nm @ 18 kn/5,500nm @ 18 kn
Crew 229/230
Primary combat system Aegis/Aegis
Vertical launch cells 48/64
Fire control channels 2/3
Harpoon missiles 8/8
Torpedoes 6/6
Medium gun 1 x 127mm automatic/1 x 127mm automatic
Close in weapons 1/2
Helicopters 1 x Seahawk/2 x Seahawk/NH-90

sábado, 10 de março de 2007

Fragatas Classe "Almirante Pereira da silva"


A História das Fragatas Classe "Almirante Pereira da Silva"
da
Revista de Marinha de Novembro
de 1988































































































































quarta-feira, 7 de março de 2007

Navios anti-aéreos - 2

Classe Atago


Atago (177)

Tipo : Destroyer AAW

País : Japão

Estaleiro : MHI, Nagasaki

Unidades :

177 Atago (Em serv. : 03-07)

178 Ashigara (Em serv. : 03-08)

D : 7.700 t, 10.000 tcp V : 30 Dim : 165,0 x 21,0 x 6,2.
A : 1/127 Mk 45CIWS : 2/Phalax – SSM : 8/Harpoon (IV x 2) – SAM/ASW : 2/sistemas VLS Mk 41 (74 mísseis SM-2 MR Block III e 16 Asroc) – 6 T/324 (III x 2, torpedos Mk 68) – 2/helicópteros SH-60 J.
EE : Radares : 1/SPY-1 D – 1/OPS-28 D – 3/SPG-62 – 1/OPS-20 – CT : 1/FCS-2-21 – Sonares : 1/OQS-102 – 1/OQR-2 TACTASS – CM : 1/interferidor NOLQ-2 – 1/interferidor OLT-3 – 4/lança-engodos SRBOC Mk 36 – 1/ruidoso rebocado SLQ-25 – TACAN : URN-25.
M : COGAG : 4 TG General Electric LM 2500 – 2 hélices – 100.000 cv (73.500 kW).
DT : 4.500/20 PE : 6.000 kW Guarnição : 300 h.

Observações : Os destroyers da classe Atago são uma versão aumentada dos Kongo. Juntamente com os KDX-III coreanos e o projecto da Gibs & Cox apresentado à Austrália, são versões dos Arleigh Burke americanos. Embora não tão armados como os KDX-III coreanos, os Atago e os Kongo são navios grandes e poderosos. Os Atago distinguem-se dos Kongo por serem mais compridos (165 m contra os 161 dos Kongo) e possuírem 2 hangares para helicópteros enquanto que os Kongo só possuem uma plataforma para 1 helicóptero, sem hangar. Equipados com o sistema Aegis que permite o tratamento de 12 objectivos simultâneamente a 100 km. É constituído por 4 consolas Mk 2, 1 sistema Command and decision Mk 2, 1 sistema de controlo das armas Mk 8, 1 sistema Quick Response Maintenance Mk 7 e 2 lançadores verticais VLS Mk 41 (61 células à ré entre os 2 hangares, 29 à vante, equipadas com 74/SM-2 MR e 16/VL Asroc + 6 módulos de recarregamento). As 4 antenas do radar SPY-1 D estão encastradas na superstrutura, permitindo uma vigilância sobre 360º. Sistema Prairie-Masker de emissão de bolhas de água para diminuir a assinatura acústica. CT Mk 99 (controlo de tiro) para os SM-2 MR e Mk 116 Mod 7 para as armas ASW. Sistema de comando OYQ-6 com links 11 e 14. Estes navios colocados no mar completam, graças ao Aegis e aos mísseis SM-2 MR, a rede de defesa aérea avançada do Japão.



Kongo (173)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Navios anti-aéreos


Vou começar a minha colaboração neste blogue com uma série de artigos caracterizando os mais recentes projectos de navios anti-aéreos (AAW), quer já em serviço, quer em construção ou ainda só em projecto. Infelizmente, a inexistência de projectos concretos da Marinha da Federação da Rússia faz com que nenhum navio seja analisado, até porque os em serviço, os cruzadores de batalha da classe Kirov e os destroyers do tipo 956 e 956A da classe Sovremennyy já são projectos antigos. Vou começar com aquele que será sem dúvidas o mais poderoso navio AAW da actualidade, o destroyer do tipo KDX-III da Coreia do Sul.


Classe : Destroyers do tipo KDX-III, da classe Ahn Yong-Bok

País : Coreia do Sul

Estaleiro : Hyundai Heavy Industries

3 em construção com opção para mais 3.


D : 7.650 t, 10.250 tcp

Dim : 165,9 x 21 x 14

EE : Sistema de combate Aegis combinado com radar AN/SPY-1D.

A : 1/127 mm/54 Mk-45 - CIWS : 1/30 mm Goalkeeper - SAM : 1/VLS Mk 41 (80 células, 80 mísseis SM-2 Block IVA/B - 1/sist. RAM - SSM : 16/SSM-700 K Hae Sung (Sea Star) (IV x 4) - LACM (Land-Attack Cruise Missiles) : 32/VLS Cheon Ryeong - ASW : 16/VLS K-ASROC Hong Sahng-uh (Red Shark) - 32 torpedos K745 Cheong Sahng-uh (Blue Shark) - 2/helicópteros Lynx Mk 99.

M : COGAG : 4 TG GE LM 2500 - 2 hélices - 100.000 cv (75 MW) - 30 nós.

Observações : Preço por unidade : US$ 923 milhões. Serão os primeiros navios a integrarem o sistema RAM no Aegis. Às 80 células do VLS Mk 41 juntam-se 48 células de um VLS de origem coreana, num total de 128 células, distribuidas pela vante, entre a 127 e a superstrutura e à ré entre os dois hangares para os helicópteros. Navios que pelo seu deslocamento e armamento deveriam serem classificados como cruzadores. O SSM-700K Hae Sung (Sea Star) tem características semelhantes ao Harpoon e o míssil de cruzeiro de longo alcance Cheon Ryeong (Sky Dragon) tem características semelhantes ao Tomahawk.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Dutch Frigates for the Portuguese Navy

An historic day for the Portuguese Navy, November 1st, 2006...


The culmination of a 3-year long process...




Portugal bought 2 M-type Dutch Frigates


VAN NES (F833) - to be delivered December 2008


VAN GALEN (F834) - to be delivered November 2009




In May 2006, Portugal's National Defense Minister, Luís Amado, showed interest in buying two Karel Doorman class frigates to replace the two remaining frigates of the João Belo class in service with the Portuguese Navy — instead of buying two frigates of the Oliver Hazard Perry class, offered by the United States. A committee of the Portuguese government arrived at the Netherlands to evaluate the condition of two frigates to be bought.


In the end of May 2006, the Portuguese Government Official News Bulletin published the order for the creation of an Official Portuguese Navy's "technical team" to supervise the transfer of two M-Class Frigates to Portugal.


On November 1st 2006, the Portuguese Defense Minister Nuno Severiano Teixeira signed a contract for the purchase of the frigates Van Nes and Van Galen. Van Nes will be transfered to Portugal on December 1, 2008 and Van Galen on November 1, 2009



This represents the culmination of a long process with the objective of replacing the remaining 2 FF frigates of the João Belo class from the 1960s, that started back in 2003, when the government at that date negociated with the USA the “granting” of 2 Oliver Hazard Perry frigates.

The original plan would be for Portugal to have 2 AAW escorts for the so-long-waited LPD , hence the original idea of the Perrys(although at the time the Navy was considering the Dutch AAW Jacob Van Hermeskerk twins, sold meanwhile to Chile)

Lack of funds at that time did not allow for the purchase of the L-type (Dutch AAW Jacob Van Hermeskerk). In May 2006 , after the Dutch Navy put on sale 2 more Karel Doorman frigates, Portugal grabbed the chance for both, in a successful move that will improve the Navy’s capacities much more than the OHP-choice would have done: Because the LPD construction is being delayed (talks are now that perhaps it will be finished in 2014...), there was no more "urgent" need for AAW escorts and would mean that when the LPD joined the fleet, the 2 Perrys would be more than 30 years old...


O Blogue Naval

Este é um blogue destinado a expôr textos e pensamentos sobre marinhas de guerra em Portugal ou no mundo, doutrinas de uso, plataformas navais, planeamento e construção, projectos novos, ou história naval.






NRP Corte Real
Trata-se de um projecto novo mas com colaboradores que nos parecem ser gente capaz e com conhecimentos para fazer disto um blogue interessante para quem goste deste tema.
Contamos com todos.